segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Eglobal engloba fontes

É característica dos fake sellers a resolução da questão das fontes com abismal facilidade: dispõem sempre genericamente de múltiplas e diversificadas fontes, bem informadas e invariavelmente concordantes. Uma verdadeira maravilha da objectividade jornalística.

A receita é recorrentemente a mesma: um título apelativo ao clique instintivo; depois vem a banha da cobra, ou seja, a desinformação que facturaram. Tentando sempre manter as aparências. É interessante notar a banalização de "a fonte".

1) A informação foi avançada a e-Global por diversas fontes diplomáticas em Bissau.

2) De acordo com as mesmas fontes (...)

3) (...) disseram as fontes.

4) (...) uma das nossas fontes (...)

5) (...) lamentou a fonte.

É fácil de adivinhar a origem da notícia, pela simples forma como está redigida. Quem é que foi responsável pela internacionalização da cena política interna e que costuma fazer queixinhas à comunidade internacional?

"Este assunto já é do conhecimento de toda a Comunidade Internacional sedeada em Bissau, particularmente o P5, e continuamos a acompanhar mais evoluções sobre o mesmo".

Entre aspas no original. O mais curioso é que, sendo uma citação, seja atribuída a várias fontes. Terão todas dito exactamente a mesma coisa? Se calhar estavam combinadas umas com as outras, os pseudo-jornalistas lá saberão da fidedignidade do anonimato das fontes.

Nenhuma fonte diplomática falaria assim, mesmo num país como a Guiné-Bissau, que tem vindo a alienar soberania e a delapidar respeitabilidade. Não há dúvidas de que estamos perante mais uma inventona, forjada na fábrica de desinformação do costume, cujo óbvio objectivo táctico é fragilizar e retirar margem de manobra à Presidência da República, perante a Comunidade Internacional, em relação a qualquer decisão relativa ao processo eleitoral.

A própria motivação invocada é risível. O Presidente da República não precisa dos timorenses para lhe apontarem "alegadas" anomalias ou irregularidades: basta invocar a anomalia maior (constatada, e não simplesmente "alegada") que constituiu o incumprimento do seu Decreto marcando eleições para 18 de Novembro, dispensando todas as outras boas razões, entre as quais aquelas traduzindo a má-fé, irresponsabilidade e incompetência do PAIGC no processo.

Mais um exemplo do pouco cuidado que a e-Global tem ao citar as "fontes", é o facto de julgarem que os adjectivos dispõem da propriedade comutativa, mesmo tendo sido (supostamente) empregues por outros. Repare-se na inconsistência da atribuição do "alegadas": no título, sempre entre aspas, tratam-se de "alegadas anomalias"; no corpo do texto, o "alegadas" aplica-se a "irregularidades", enquanto, sempre entre aspas, se fala de "algumas anomalias".

Udju Iabri

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