Para além do blá-blá-blá, só há dois trechos de argumentação sobre o assunto:
"Primeiro é preciso clarificar que não houve nenhum resgate aos bancos. Houve sim uma operação em que os bancos com a carteira de créditos mal parados, mas com liquidez, solicitaram ao governo a compra dessa carteira de crédito com o dinheiro dos próprios bancos. Uma operação meramente contabilística para permitir aos bancos ganhar tempo na recuperação desses créditos e continuar a financiar a economia."
Onde está a mentira?
Por omissão. Quando DSP afirma que "solicitaram ao governo a compra dessa carteira de crédito com o dinheiro dos próprios bancos", esqueceu-se, muito convenientemente, de acrescentar que essa compra foi feita com a garantia do Estado. É fácil de entender a falácia: se os bancos estivessem realmente interessados em comprar esse crédito mal-parado com o seu próprio dinheiro, pura e simplesmente não precisavam de solicitar qualquer autorização. Trata-se precisamente do contrário. Ou seja, se os devedores recalcitrantes não cumprirem com as suas obrigações, e era esse "risco" (para não dizer certeza) de duvidosa cobrança que os bancos pretendiam acautelar, quem acaba por pagar é o Estado, a quem o BAO "cedeu a carteira de crédito" (sem depreciação... no mercado financeiro, "créditos" ilusórios deste tipo, chegam a ser vendidos por um décimo do seu valor nominal). Em última análise, houve uma transferência da responsabilidade de pagar, dos caloteiros para o Estado, o qual se sujeitou assim a financiar a irresponsabilidade, premiando a incompetência (contra a opinião das autoridades monetárias internacionais). Um verdadeiro resgate selectivo, à custa dos guineenses.
Onde está a contradição?
Não é possível defender, sem contradição, a necessidade de resgate por risco de falência e ao mesmo tempo que os mesmos bancos tinham liquidez para comprar a carteira de crédito mal parado (que era o próprio cancro que queriam curar). Não é possível defender que foi uma "operação meramente contabilística", e ao mesmo tempo que foi "com o dinheiro dos próprios bancos". Nunca houve dinheiro nenhum.
"Os promotores de tal investigação sabem e bem que, para além da clareza e transparência do processo, a operação não foi consumada no exercício do meu governo e nem teve a minha implicação direta."
Onde estão as mentiras? É tudo mentira. Das três asserções, não escapa uma.
Quando DSP afirma que "Para além da clareza e transparência do processo"... Ora a cláusula 9.1 do contrato estabelecia o segredo do processo, em violação, precisamente, do código de transparência, Lei nº 1 de 2015.
"a operação não foi consumada no exercício do meu governo"... Carlos Correia não passava de um testa de ferro: o governo era de DSP.
"e nem teve a minha participação directa." Pois, mas há um documento que prova o contrário, datado de 1 de Julho de 2015 e assinado por DSP, ainda como Primeiro-Ministro. Para quem subscreve em documento oficial que "damos o nosso pleno assentimento para a assinatura do correspondente contrato", é difícil de esconder o seu envolvimento directo.
Onde está a contradição?
A utilização do verbo "consumar" emprega-se para algo entendido como negativo, como um crime, por exemplo. O lapso é relevante e diz tudo: DSP sabia muito bem que se tratava de algo pouco edificante.
Conclusão
As mentiras e contradições patentes nesta infeliz tentativa de lavagem das mãos, denunciam a óbvia manipulação. Em suma, a "opinião" divulgada não passa de um verdadeiro tiro no pé: em vez de servir para ilibar o seu autor, serve apenas para o incriminar. Depois de um texto destes, nem seriam necessárias quaisquer provas para ser condenado. Como é possível confiar num pretenso líder que mente à boca cheia para iludir as suas responsabilidades?
"Os promotores de tal investigação sabem e bem que, para além da clareza e transparência do processo, a operação não foi consumada no exercício do meu governo e nem teve a minha implicação direta."
Onde estão as mentiras? É tudo mentira. Das três asserções, não escapa uma.
Quando DSP afirma que "Para além da clareza e transparência do processo"... Ora a cláusula 9.1 do contrato estabelecia o segredo do processo, em violação, precisamente, do código de transparência, Lei nº 1 de 2015.
"a operação não foi consumada no exercício do meu governo"... Carlos Correia não passava de um testa de ferro: o governo era de DSP.
"e nem teve a minha participação directa." Pois, mas há um documento que prova o contrário, datado de 1 de Julho de 2015 e assinado por DSP, ainda como Primeiro-Ministro. Para quem subscreve em documento oficial que "damos o nosso pleno assentimento para a assinatura do correspondente contrato", é difícil de esconder o seu envolvimento directo.
Onde está a contradição?
A utilização do verbo "consumar" emprega-se para algo entendido como negativo, como um crime, por exemplo. O lapso é relevante e diz tudo: DSP sabia muito bem que se tratava de algo pouco edificante.
Conclusão
As mentiras e contradições patentes nesta infeliz tentativa de lavagem das mãos, denunciam a óbvia manipulação. Em suma, a "opinião" divulgada não passa de um verdadeiro tiro no pé: em vez de servir para ilibar o seu autor, serve apenas para o incriminar. Depois de um texto destes, nem seriam necessárias quaisquer provas para ser condenado. Como é possível confiar num pretenso líder que mente à boca cheia para iludir as suas responsabilidades?
Sem comentários:
Enviar um comentário