Face a mais uma crise forjada de todas as peças pelo PAIGC, que insiste em empurrar o país para outro beco sem saída, convém recuar ao pecado que está na origem da presente situação.
O jogo do PAIGC sempre tinha sido o de adiar as eleições, como se constatou com os cenários. Há pouco mais de dois meses, nos inícios de Outubro, a Ministra tomou consciência da impossibilidade de respeitar a data marcada para as eleições. Faltava um culpado para arcar com o fardo da incúria e incompetência assim expostos. Um partido incapaz de assumir as suas responsabilidades nunca poderá evoluir. A cartilha do PAIGC é lavar as mãos, atirar as culpas para as costas dos adversários, intoxicar a agenda pública com uma arrogante retórica de sistemática subversão, inflamar os ânimos e atiçar o confronto. Qual o bode expiatório ideal? De quem a culpa pelo atraso verificado? Obviamente, do PRS!
Slow motion da inventona:
1) Na primeira semana de Outubro, a Ministra, em flagrante abuso de poder e usurpação de funções, desloca-se pelas brigadas dando instruções ilegais para impedir os fiscais de fiscalizarem o processo como sempre tinham feito até aqui, conforme a nossa tradição de recenseamento desde a abertura ao multipartidarismo.
2) 8 de Outubro - o Secretário-Geral do PRS, envergando uma camisa vermelha da marca Lacoste e fazendo-se acompanhar por toda a documentação necessária para o efeito, nomeadamente bilhete de identidade e cartão de eleitor (tal como a Televisão teve ocasião para registar), decidiu aproveitar a passagem por Canchungo para cumprir com o seu dever cívico de recenseamento, no círculo pelo qual tem sido eleito desde 2004. A mesa de recenseamento fôra protocolarmente avisada dessa intenção. O deputado da União para a Mudança, dono da casa e concorrente directo de Florentino Mendes Pereira (FMP) nesse círculo, e o administrador do sector de Canchungo, nomeado pela Ministra e por curiosa coincidência também presente no local (apesar de nem um nem outro terem qualquer incumbência ou relevância para o processo de recenseamento), numa atitude de quem não assimilou os ditames da sociedade democrática, provocaram a comitiva do PRS, pela desconsideração com que ostensivamente trataram FMP, impedindo-o ilegalmente de se recensear, a pretexto de alegações inteiramente falsas de que este não tinha a documentação necessária e que envergava símbolo partidário; alegações igualmente desprovidas de qualquer fundamento, pois mesmo não estando documentado poderia ser recenseado, e, mesmo que tivesse a camisola do Partido, também o poderia fazer, pois nada existe na lei que o impeça (está-se simplesmente a pretender confundir recenseamento com votação, numa evidente tentativa de manipulação). O recenseamento sempre foi uma festa da democracia, com os dirigentes partidários apresentando-se acompanhados ao acto. Assim aconteceu com Domingos Simões Pereira. Imagine-se se o líder do PAIGC tivesse sido impedido de se recensear... Quem conhece FMP sabe que não é pessoa de provocar desacatos. Não restam portanto dúvidas de que se tratou de uma encenação premeditada, destinada a servir uma estratégia de desinformação.
3) 8 de Outubro - em Fulacunda, os fiscais designados pelo PRS, confrontados com as instruções ilegais da Ministra, cortaram a alimentação aos aparelhos, acção directa moderada e justificada, por considerarem a decisão da Ministra ilegítima, ilegal e fora do âmbito das suas competências.
4) 8 de Outubro - em conferência de imprensa à LUSA, Alain Sanka, Director-Geral do GTAPE, pediu o reforço da segurança junto das mesas de recenseamento, invocando "ataques" que envolveram o PRS. O órgão oficial do regime DSP, intitula bombasticamente "Recenseadores estão a ser atacados".
5) 10 de Outubro - Cupul. Paulino Té, na qualidade de coordenador da fiscalização eleitoral do PRS, dirigiu-se directamente à Ministra para, no âmbito das suas atribuições, reclamar contra as instruções vedando o acesso dos fiscais à confirmação dos dados. A arrogância e intransigência demonstradas pela Ministra, em ignorar as legítimas reclamações, conduziu a uma discussão acalorada, mas dentro dos limites da continência verbal.
6) 10 de Outubro - Vergonhoso Comunicado de Imprensa do Gabinete de Comunicação do GTAPE, em flagrante violação dos deveres legais de neutralidade e imparcialidade. O recrutamento do actual GTAPE foi feito com base em critérios de filiação partidária, desprezando a competência técnica. Ou seja, entrou muita gente inexperiente, desrespeitando a lei do recenseamento, em prejuízo de outra tanta cuja experiência era essencial. A equipa ficou assim desarticulada e com a autonomia técnica comprometida. O PAIGC apropriou-se descaradamente do processo de recenseamento, ficando claro que pretendia instrumentalizá-lo para efeitos políticos, num grave atentado à democracia e à paz social. No documento, descontextualizam-se factos e funções numa manifestação de total apropriação partidária. A Ministra diz-se "agredida verbalmente por palavrões mesmo profundos" do deputado Paulino Té (bandidagem e fraude não são termos insultuosos, neste contexto); fala-se em dois cidadãos que alegadamente retiraram "bruscalmente" (brusca ou brutalmente?) a alimentação ao kit; acusa-se ainda Florentino Mendes Pereira de promover desacatos e de colocar em causa a integridade física dos brigadistas. Tudo concorre para que fique bem clara a natureza partidária e exposta a intenção propagandística do documento: nunca é contextualizada a verdadeira questão (ou talvez se devesse falar em provocação) dos entraves colocados pela Ministra à fiscalização; as funções dos actores (fiscais e coordenador da fiscalização) são consequentemente igualmente omitidas.
3) 8 de Outubro - em Fulacunda, os fiscais designados pelo PRS, confrontados com as instruções ilegais da Ministra, cortaram a alimentação aos aparelhos, acção directa moderada e justificada, por considerarem a decisão da Ministra ilegítima, ilegal e fora do âmbito das suas competências.
4) 8 de Outubro - em conferência de imprensa à LUSA, Alain Sanka, Director-Geral do GTAPE, pediu o reforço da segurança junto das mesas de recenseamento, invocando "ataques" que envolveram o PRS. O órgão oficial do regime DSP, intitula bombasticamente "Recenseadores estão a ser atacados".
5) 10 de Outubro - Cupul. Paulino Té, na qualidade de coordenador da fiscalização eleitoral do PRS, dirigiu-se directamente à Ministra para, no âmbito das suas atribuições, reclamar contra as instruções vedando o acesso dos fiscais à confirmação dos dados. A arrogância e intransigência demonstradas pela Ministra, em ignorar as legítimas reclamações, conduziu a uma discussão acalorada, mas dentro dos limites da continência verbal.
6) 10 de Outubro - Vergonhoso Comunicado de Imprensa do Gabinete de Comunicação do GTAPE, em flagrante violação dos deveres legais de neutralidade e imparcialidade. O recrutamento do actual GTAPE foi feito com base em critérios de filiação partidária, desprezando a competência técnica. Ou seja, entrou muita gente inexperiente, desrespeitando a lei do recenseamento, em prejuízo de outra tanta cuja experiência era essencial. A equipa ficou assim desarticulada e com a autonomia técnica comprometida. O PAIGC apropriou-se descaradamente do processo de recenseamento, ficando claro que pretendia instrumentalizá-lo para efeitos políticos, num grave atentado à democracia e à paz social. No documento, descontextualizam-se factos e funções numa manifestação de total apropriação partidária. A Ministra diz-se "agredida verbalmente por palavrões mesmo profundos" do deputado Paulino Té (bandidagem e fraude não são termos insultuosos, neste contexto); fala-se em dois cidadãos que alegadamente retiraram "bruscalmente" (brusca ou brutalmente?) a alimentação ao kit; acusa-se ainda Florentino Mendes Pereira de promover desacatos e de colocar em causa a integridade física dos brigadistas. Tudo concorre para que fique bem clara a natureza partidária e exposta a intenção propagandística do documento: nunca é contextualizada a verdadeira questão (ou talvez se devesse falar em provocação) dos entraves colocados pela Ministra à fiscalização; as funções dos actores (fiscais e coordenador da fiscalização) são consequentemente igualmente omitidas.
Sem comentários:
Enviar um comentário